Em 2005, a jornada de quatro estudantes de Magdeburgo levou-os “para lá do mundo” e “até ao fim dos tempos, até que não caia mais chuva”. Foi um êxito que transformou as suas vidas para sempre. Duas décadas depois, aqueles que descobriram os Tokio Hotel recordam o início de um fenómeno.
A Descoberta de uma “Nova Superbanda”
Em julho de 2005, a revista juvenil “Bravo” dedicou uma página dupla a quatro amigos de escola de Magdeburgo, sob o título “A nova superbanda”. O destaque recaía sobre um jovem de 15 anos com um penteado emo preto. Naquela altura, o nome Tokio Hotel era praticamente desconhecido do grande público. O lançamento do seu primeiro single, “Durch den Monsun”, estava agendado apenas para 15 de agosto, mas viria a desencadear um fervor sem precedentes.
Alex Gernandt, atualmente com 59 anos, considera que “se olharmos para a história da pop alemã desde os anos 60, ‘Durch den Monsun’ pertence, definitivamente, ao cânone dos maiores êxitos pop alemães”. Na época, como editor-chefe adjunto e caça-talentos da “Bravo”, Gernandt foi um dos primeiros a reparar na banda. O seu primeiro encontro com o vocalista Bill, o seu irmão gémeo e guitarrista Tom, o baixista Georg e o baterista Gustav ocorreu num estúdio em Munique.
“A banda deixou-me uma excelente impressão”, recorda Gernandt. “Tinham apenas 14 ou 15 anos, mas já tocavam juntos há vários anos. Eram uma banda coesa e bem ensaiada.” Naturalmente, a aparência invulgar do vocalista Bill captou imediatamente a sua atenção. “Pensei logo: ‘Isto é muito interessante. Ninguém tem alguém assim na sua turma. Ele tem potencial de estrela’.”
O Hype e o Sucesso Estrondoso
Convencido do potencial do grupo, Gernandt insistiu na reunião editorial para que fosse dedicada uma página dupla aos recém-chegados, mesmo antes do lançamento do single. “Isso era algo totalmente invulgar para a ‘Bravo’ na altura. Mas eu disse: ‘Temos de apostar tudo nisto, os rapazes são fantásticos’.” Pouco depois da publicação da revista, a redação foi “inundada com cartas e telefonemas”.
Não foi surpresa que a banda, com o seu estilo único, tenha conquistado rapidamente uma enorme base de fãs, composta maioritariamente por jovens raparigas. O entusiasmo gerado pela primeira reportagem na “Bravo” foi tão grande que, a partir do final de agosto, o single de estreia “Durch den Monsun” permaneceu no primeiro lugar das tabelas de vendas durante cinco semanas consecutivas. O êxito estendeu-se além-fronteiras, alcançando o top 10 na Áustria, França, Suíça, partes da Bélgica e nos Países Baixos. O álbum “Schrei” viria a vender cerca de 1,5 milhões de cópias.
As Origens e o Papel do Manager
Grande parte deste sucesso deve-se ao manager musical Peter Hoffmann, de 71 anos. Hoffmann descobriu o jovem Bill Kaulitz em 2003, durante a sua participação no programa de talentos “Star Search” do canal Sat.1. Após o êxito que alcançou com a banda de estudantes Echt, Hoffmann procurava um novo projeto semelhante e viajou até Magdeburgo para conhecer o resto do grupo, que na altura se chamava “Devilish” (em português: “Diabólico”). O encontro marcou o início de uma parceria que levaria quatro jovens de uma pequena cidade alemã ao estrelato mundial.