Windows 11 Inova com IA, Mas Milhões Recusam Deixar o Windows 10

A Microsoft continua a enriquecer o Windows 11 com funcionalidades de ponta, mas a sua estratégia colide com a realidade de milhões de utilizadores que, a um mês do fim do suporte oficial, se recusam a abandonar o fiável Windows 10.

Aposta da Microsoft na Organização Inteligente de Fotos

Numa tentativa de tornar o seu sistema operativo mais atrativo, a Microsoft anunciou a introdução de uma nova funcionalidade de organização automática baseada em Inteligência Artificial (IA) na aplicação Fotografias do Windows 11. Atualmente em fase de testes para os utilizadores do programa Windows Insider com dispositivos Copilot Plus, esta ferramenta promete simplificar a gestão de imagens digitais.

A atualização permite que a aplicação reconheça e categorize automaticamente imagens como recibos, capturas de ecrã, documentos de identificação e notas manuscritas, organizando-as em pastas separadas. A tecnologia demonstra uma notável precisão, sendo capaz de identificar texto mesmo que não esteja em inglês e de classificar corretamente, por exemplo, um passaporte húngaro na pasta de documentos de identificação. Embora de momento suporte apenas quatro categorias, a Microsoft planeia expandir estas capacidades no futuro, possivelmente com a adição de categorias personalizáveis, reforçando o seu investimento em IA para melhorar a experiência do utilizador.

O Fim de Suporte do Windows 10 e a Resistência à Mudança

Enquanto o Windows 11 recebe novas funcionalidades, o relógio avança para o fim do suporte oficial do Windows 10, marcado para 14 de outubro de 2025. Após esta data, o sistema operativo deixará de receber atualizações de segurança, correções de erros e novas funcionalidades. Esta política quebra a promessa feita em 2015, quando a Microsoft afirmou que o Windows 10 seria a “versão final do Windows”, promessa essa que foi abandonada com o lançamento do Windows 11 em 2021.

Apesar dos quatro anos decorridos desde o lançamento do seu sucessor, o Windows 10 mantém uma quota de mercado global muito semelhante à do Windows 11. A Microsoft incentiva ativamente a transição, mas milhões de utilizadores, incluindo o autor deste artigo, recusam-se a fazer a atualização. O fim do suporte significa que qualquer vulnerabilidade de segurança descoberta não será corrigida, tornando os computadores progressivamente mais suscetíveis a ataques de malware e hackers. Ainda assim, a resistência continua.

As Barreiras à Atualização: Hardware e Falta de Incentivos

A principal razão para esta relutância é, em muitos casos, a incompatibilidade de hardware. O meu computador portátil, com um processador Intel Core i3 de há sete anos, funciona perfeitamente para as minhas necessidades, mas a ferramenta de verificação da Microsoft informa que não é compatível com o Windows 11. A solução passaria por comprar um novo computador, algo que não pretendo fazer. A Microsoft não oferece uma justificação convincente para a exclusão de processadores mais antigos, o que reforça a perceção de que se trata de uma estratégia de obsolescência programada para impulsionar as vendas de novos equipamentos.

Além disso, para muitos, o Windows 11 não oferece uma melhoria suficientemente revolucionária que justifique o investimento. Embora tenha algumas melhorias visuais e funcionais, não representa um salto qualitativo que me convença a gastar centenas de euros num novo hardware. Os relatos contínuos de erros e bugs, especialmente na recente versão 24H2, também não ajudam a tornar a transição mais apelativa. A realidade é que o meu portátil atual satisfaz as minhas necessidades, e não desejo transformá-lo prematuramente em lixo eletrónico.

Uma Escolha Ponderada e Como Manter a Segurança

Poder-se-ia pensar que esta resistência é uma questão de idade ou de habituação ao que é familiar. Contudo, o sentimento principal é de oposição a uma grande empresa que me força a abandonar um hardware perfeitamente funcional e a adotar um sistema operativo pelo qual não tenho grande interesse. Se a atualização fosse possível no meu hardware atual, talvez a considerasse. Mas, implicando um custo financeiro, a escolha de permanecer no Windows 10 torna-se lógica.

Para os utilizadores que, como eu, pretendem continuar a usar o Windows 10 mas estão preocupados com a segurança, a Microsoft oferece uma solução: o programa de Atualizações de Segurança Alargadas (ESU). Esta é a única forma oficial e segura de continuar a receber correções de segurança. Existem três formas de aderir ao programa ESU, sendo necessário ter uma conta Microsoft:

  1. Pagamento Direto: Pagar uma taxa única de 30 dólares (o preço pode variar fora dos EUA) para garantir um ano de atualizações de segurança.

  2. Ativação do Windows Backup: Utilizar a funcionalidade gratuita que guarda ficheiros e definições na OneDrive. Ao ativá-la, as atualizações de segurança são estendidas automaticamente.

  3. Utilização de Pontos Microsoft Rewards: Acumular 1.000 pontos através de atividades como pesquisas no Bing ou compras na Microsoft Store e trocá-los pelas atualizações.

A inscrição pode ser feita através do banner que aparece nas definições do Windows Update, garantindo assim que o fiel Windows 10 continua a ser uma opção viável e segura por mais algum tempo.